O problema com os sistemas de bonificação e avaliação
A ideia do sistema de bonificação é que os gestores deem objetivos aos trabalhadores e calculem os bônus periódicos a partir de um coquetel composto da avaliação individual de desempenho, do cargo, salário, da relação interpessoal com o chefe e uma série de outras variáveis. Décadas de pesquisas confirmaram que um sistema de bonificação raramente tem um efeito positivo no desempenho dos trabalhadores atuais, que lidam mais com o conhecimento que com a força humana. Há muita coisa errada com esses programas tradicionais de incentivo e recompensas:
- As pessoas se tornam viciadas com as recompensas regulares e se elas não recebem a recompensa que era esperada, elas se sentirão desapontadas ou punidas.
- Recompensas individuais rompem a colaboração, a qual é crucial no trabalho criativo do conhecimento. Elas estimulam a competição e a fraude (as pessoas tendem a burlar, naturalmente, qualquer sistema).
- Os sistemas de bonificação tradicionais recaem em medições dos objetivos, mas a realidade é muito mais complexa para ser capturada em números. As métricas individuais ignoram o lado humano de um ótimo desempenho como o trabalho em equipe e a colaboração.
- Pesquisas mostram que recompensas levam as pessoas a um comportamento que preza pela segurança de resultados e a preferirem tarefas fáceis, enquanto a inovação requer o oposto: assumir riscos e realizar tarefas complexas.
- As pesquisas também mostram que assim as recompensas são distribuídas as pessoas começam a pensar, “Se eles me pagam um extra por este trabalho, ele não pode ser divertido, interessante ou bom”.
- A maioria dos trabalhadores não pode relacionar diretamente o trabalho deles com os os lucros, porque a maioria das coisas que influenciam diretamente os lucros está além dos seus próprios controles.
Isto tudo fundamentalmente destrói a motivação, a colaboração e assim o desempenho.
Um sistema de bonificação para a colaboração e o desempenho
Em uma organização que atua em um ambiente dinâmico, os trabalhadores deveriam receber extras dependendo da parte imprevisível do ambiente, estes extras deveriam ser brutalmente justos e baseados em méritos, não na igualdade. Portanto, são sugeridas as seguintes regras para um sistema de bonificação (ou seria melhor dizer sistema de mérito), melhor:
- Salários deveriam ser esperados, mas bônus não deveriam: mantenha-os sempre como uma surpresa. Quando os bônus se tornam frequentes e você sabe que irá recebê-los e quando, eles deveriam ser convertidos em salários regulares.
- Os ganhos deveriam se basear na colaboração, não na competição: o principal critério deveria ser a contribuição dos trabalhadores para o objetivo comum ou propósito compartilhado.
- O feedback dos colegas é a principal medida de desempenho: as contribuições para um propósito compartilhado são melhor detectadas e avaliadas pelos colegas, não pelos gestores.
- Use o pensamento criativo para expandir o sistema de remuneração: espere que as pessoas podem (e irão) burlar qualquer sistema, aproveite desta criatividade convidando para melhorar o sistema.
- Use a remuneração para alimentar a motivação intrínseca dos trabalhadores: faça do dinheiro uma reflexão da curiosidade das pessoas, da honra, da aceitação, do domínio e todos os outros motivadores intrínsecos.
3 ações para tornar isto real
O Management 3.0 sugere o Merit Money, uma prática que aplica as regras acima e não cair nos erros dos sistemas tradicionais de avaliação e bonificação:
- Você inicia configurando algo como créditos ou pontos (moeda virtual) e periodicamente cada trabalhador recebe uma parte igual destes créditos (como 100 pontos para cada). O período não deve ser extenso o suficiente para que as pessoas não se lembrem do que aconteceu, nem curto demais que nada tenha ocorrido. O mesmo acontece com a quantidade de créditos, pequena o suficiente em um período para que não afete o desempenho ou estresse e não grande demais que seja difícil de distribuir.
- Os trabalhadores são então requisitados a dar, publicamente, os seus créditos aos seus colegas, a qualquer um da empresa. Eles podem usar algum critério relacionado ao comportamento, não a resultados. Eles não podem ficar com créditos para eles mesmos.
- Os trabalhadores acumulam créditos recebidos (dos colegas). Em momentos aleatórios (como alguém tirar um 6 em um dado que é rolado mensalmente) todos podem trocar créditos por dinheiro real, usando uma taxa de conversão.
O dinheiro e as emoções são coisas traiçoeiras e portanto qualquer sistema que envolva ambos terá de ser configurado de uma forma que seja seguro falhar, verificar e adaptar. Nós precisamos perceber que as pessoas burlarão o sistema. Mas esta criatividade pode ser explorada para tornar o sistema mais resiliente. As iterações curtas e a moeda sem valor deveriam ajudar as pessoas a se adaptarem às estratégias uns dos outros. Além disso, a gestão pode mudar as restrições, tudo a favor da colaboração e para trabalhar para um propósito comum.